Quando escrevi meu livro, passei a ter
uma visão mais ampla do tempo. Escrever pode demorar um pouco, exigir
planejamento e paciência, mas o processo de revisão e correção testa os
nervos muito mais! Você literalmente paga para alguém dizer para você
que aquele fruto da sua dedicação e inspiração poderia ficar melhor
assim, deveria mudar para ficar assado etc. Com o passar das revisões,
experimentamos uma lapidação do ego incrível que nos permite crescer e
amadurecer muito mais rápido do que o tempo do calendário.
A árvore, bem, não posso dizer
propriamente que já venci esse desafio. Mas já dei os primeiros passos,
plantando com minha esposa um pé de acerola no nosso quintal. Só isso já
está sendo um aprendizado porque… po, como demora esse negócio, cara!
Você se informa, pede dicas, faz tudo certo (acho) e para saber se deu
certo mesmo, só tem um jeito: esperar. Você espera, espera, espera… mas
não tira aquilo de cabeça: vai lá olhar, fica torcendo para a mudinha
vingar etc.
Dizem que primeiro a muda vai se
enraizar bem, para depois notarmos alguma diferença visível. Enquanto
isso, o imediatista aqui fica agoniado, variando entre pensamento
positivo de “logo nossa plantinha vai crescer” e “putz, foi tudo em vão…
lá vamos nós começar tudo de novo”. E o mais sádico disso é que não é
uma questão de dias ou semanas, mas de meses! A terra nos ensina,
certamente, a compreender que tudo tem seu tempo. Como diria Mufasa (a
onda do momento aqui em casa é o Rei Leão), é o ciclo da vida.
Mas se uma plantinha causa tudo isso, o
que dizer de ter um filho? Uma filha doente faz com que um dia seja
enorme e não consigamos aguentar a duração de uma semana. Ficamos
angustiados querendo que o remédio haja em minutos, não em horas ou
dias. Aquela repetição de limites diariamente só se mostra efetivo ao
longo de meses ou até mesmo anos, como estou começando a notar com minha
pequena princesa de três anos e meio. É como se existisse um
micro-cosmo de ações e reações imediatas dentro de um universo maior de
anos e décadas… o que exige muita, mas muita paciência de todos nós.
Aí enquanto tudo isso demora tanto, você
segue tendo que se preocupar com a diferença de minutos entre uma coisa
e outra. É como fazer uma corrida de 100 metros enquanto participa de
uma maratona. Pode parecer loucura, mas… pensando bem, é isso mesmo!
Você, que como eu optou por ter filhos, plantar árvores e escrever
livros, bem vindo à vida de maluco. Uma delícia de hospício, eu diria.
Então que venham semanas, meses, anos… e enquanto isso, curtamos o mês
dos pais.Por: Caio Melo
Fonte: http://paismodernos.com.br/2012/07/30/uma-arvore-um-livro-e-uma-filha/
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